PAUL HIRSCH - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Paul Hirsch é um notável editor de cinema. Ele trabalhou em vários filmes conhecidos ao longo de sua carreira. Paul nasceu em 14 de novembro de 1945, na cidade de Nova York, Estados Unidos.
Ganhou reconhecimento por sua colaboração com o diretor Brian De Palma, com quem trabalhou em diversos filmes, incluindo “Irmãs” (1973), “Fantasma do Paraíso” (1974) e “Carrie - A Estranha” (1976). Uma das conquistas mais significativas de Hirsch foi seu trabalho no filme “Guerra nas Estrelas” (1977). Ele recebeu um Oscar de Melhor Edição de Filme por seu trabalho excepcional no filme. Ele também fez as sequências "O Império Contra-Ataca" (1980) e "O Retorno de Jedi" (1983).
Hirsch editou outros filmes notáveis, como "Footloose" (1984), "Curtindo a Vida Adoidado" (1986), "Missão: Impossível" (1996) e "Ray" (2004), pelo qual recebeu outra indicação ao Oscar. Paul também teve uma colaboração de longa data com o diretor Joel Schumacher, editando filmes como "Garotos Perdidos" (1987), "Um Dia de Fúria" (1993), "O Cliente" (1994) e "8 Milímetros" (1999).
E hoje, com vocês, Paul Hirsch
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
P.H.: Morei em Paris até os 8 anos. Assistir ao cinema americano era uma forma de manter contato com meu país de origem. Através do cinema, eu me apaixonei por viajar para lugares distantes (Minas do Rei Salomão), para os tempos antigos, (Ivanhoé) e por assistir danças (Sinfonia de Paris) Este último filme eu devo ter visto 20 vezes. Meu pai era pintor, como Gene Kelly, e minha mãe era dançarina, como Leslie Caron. E eu era um americano em Paris. Nunca parei de amar filmes.
2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante? E há uma razão para a produção que citar ser destacada?
P.H.: Definitivamente Cidadão Kane. Ele me abriu a mente para pensar no cinema como uma forma de arte.
3) Você foi responsável por alguns dos filmes mais reconhecidos de vários gêneros: na ficção científica (Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca), musical (Footloose), comédia (Curtindo a Vida Adoidado), thriller (Carrie, Um Tiro na Noite), ação (Missão Impossível). Houve um evento que te fez interessar pela edição em particular?
P.H.: Quando visitei uma sala de edições, aquilo me entorpeceu. Fiquei fascinado e queria aprender a lidar com aquilo tudo. Eu estava em um programa da Universidade de Columbia em Paris, e foi lá que assisti ao filme citado na pergunta anterior: Cidadão Kane. Fiquei paralisado. Então, foi o cinema americano, aliado à paixão francesa pelo cinema deles, que me fez ter interesse naquilo como profissão.
E minha entrada foi pelo meu irmão, que produziu e roteirizou "Quem Anda Cantando Nossas Mulheres", de Brian De Palma. Ele insistiu para que o diretor me contratasse para seu próximo filme, Olá, Mamãe!.
Como editei seus próximos filmes, chamei a atenção de certo grupo de amigos, que incluía Scorsese, Spielberg e George Lucas. Chamaram-me para trabalhar em Taxi Driver, mas o estúdio não quis, pois o filme já tinha profissionais na função. Mas logo depois, uma nova oportunidade veio e mudou a minha vida: Guerra nas Estrelas.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história divertida que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar?
P.H.: Vou te contar uma memória acolhedora de quando estávamos gravando "Guerra nas Estrelas". Jane, minha esposa, estava grávida de nosso primeiro filho na época. Estávamos num condado que nos acolheu, foram muito receptivos. Fizeram até o chá de bebê para nós, além de nos inserirem no círculo de amizades deles. O diretor e sua esposa Marcia Lucas cederam suas próprias acomodações para nos servir. Minha filha nasceu de cesariana e a gentileza e generosidade que recebemos na época foi tão marcante, que jamais experimentei tanto carinho assim.
5) Imagine o cenário: você é um diretor de cinema (de qualquer país) enquanto ele realiza um filme memorável. Qual seria o diretor, o filme e claro…, por quê?
P.H.: Fellini em A Estrada da Vida, por ser muito parecido com Cidadão Kane. É uma exploração da profunda solidão dos monstros, e com uma atuação inesquecível de Giulietta Masina.
6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
P.H.: Tive a sorte de trabalhar com diretores talentosos que me concederam uma grande autonomia. Há vários filmes dos quais me orgulho. Entre eles, estão Carrie, O Império Contra-Ataca, Footloose, Curtindo a Vida Adoidado, Antes só do que Mal Acompanhado e Ray. Mas são muitos os trabalhos os quais me orgulham. Inclusive por um deles, recebi o Oscar que mantenho em minha prateleira desde 1978.
M.V.: Há algum que se arrependeu? Ou mesmo faria diferente...
P.H.: Arrependimento? Um só: lamento ter recusado "Guerra ao Terror" para fazer "As Duas Faces da Lei".
M.V.: Mas quem poderia imaginar que a reunião dos astros de "Fogo contra Fogo" seria tão sonolenta? Eu, que sou particularmente muito fã dos dois atores, não consigo entender aquelas interpretações tão fracas e sem vida.
P.H.: Não é...?
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.
P.H.: ''Fácil? Você chama isso de fácil!?'' - Han Solo em Guerra nas Estrelas.
M.V.: Obrigado Paul. Foi uma honra.
P.H.: Eu sei.